O texto a seguir, da
autoria de Tomás Antônio Gonzaga, é considerado um poema pré-romântico. Leia-o
e responda às perguntas abaixo:
Lira XIX (Parte II)
Preso, o eu lírico encontra conforto no seu amor por Marília e nas lembranças que guarda da amada.
Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata;
Busca extremoso, que eu assim resista
À dor imensa, que me cerca, e mata.
Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto, e escuto
A tua voz, e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos;
Eu beijo a tíbia luz em vez de face;
E aperto sobre o peito em vão os braços.
Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista, e caio,
Não sei se vivo, ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e com mão terna
Me limpa os olhos do salgado pranto.
Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:
“Se queres ser piedoso,
“Procura o sítio em que Marília mora,
“Pinta-lhe o meu estrago,
“E vê, Amor, se chora.
“Se lágrimas verter, se a dor a arrasta,
“Uma delas me traze sobre as penas,
“E para alívio meu só isto basta.”
Vocabulário:
Inda: ainda.
Enternece-se: sensibiliza-se; compadece-se.
1) Qual é o assunto desenvolvido na lira apresentada? E de que forma essa situação poética vivida pelo pastor Dirceu se assemelha à vida do poeta Tomás Antônio Gonzaga?
2) Quem é o interlocutor a quem o eu lírico se dirige no poema? O que o eu lírico diz a ele?
Lira XIX (Parte II)
Preso, o eu lírico encontra conforto no seu amor por Marília e nas lembranças que guarda da amada.
Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata;
Busca extremoso, que eu assim resista
À dor imensa, que me cerca, e mata.
Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto, e escuto
A tua voz, e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos;
Eu beijo a tíbia luz em vez de face;
E aperto sobre o peito em vão os braços.
Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista, e caio,
Não sei se vivo, ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e com mão terna
Me limpa os olhos do salgado pranto.
Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:
“Se queres ser piedoso,
“Procura o sítio em que Marília mora,
“Pinta-lhe o meu estrago,
“E vê, Amor, se chora.
“Se lágrimas verter, se a dor a arrasta,
“Uma delas me traze sobre as penas,
“E para alívio meu só isto basta.”
Vocabulário:
Inda: ainda.
Enternece-se: sensibiliza-se; compadece-se.
1) Qual é o assunto desenvolvido na lira apresentada? E de que forma essa situação poética vivida pelo pastor Dirceu se assemelha à vida do poeta Tomás Antônio Gonzaga?
2) Quem é o interlocutor a quem o eu lírico se dirige no poema? O que o eu lírico diz a ele?
3) Retire pelo menos dois versos do texto que representam o estado de espírito do eu lírico e, a seguir, diga o que eles sugerem.
4) Observe a linguagem utilizada no poema e responda:
a. Que elementos caracterizam a simplicidade formal pretendida pelos poetas árcades?
b. Que elementos apresentados no poema rompem com o convencionalismo árcade? Explique.
5) Como você interpreta
a última estrofe? O que ele pede que o Amor faça? Com qual objetivo?
6) Enumere as características
árcades presentes nesse poema.
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