segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Resumos de obras literárias para o 6º Período do Ensino Médio

O Quinze - Rachel de Queiroz


      Primeiro Plano - Vicente e Conceição O primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz é O Quinze. O título se refere a grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O romance se dá em dois planos, um enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora. Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia - representante das velhas tradições. No período de férias, Conceição passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se "engraçava" à seu primo Vicente. Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem. Com o advento da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar Vicente cuidando de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os animais vivos. Conceição, trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados os retirantes, e descobre que seu primo estava "de caso" com "uma caboclinha qualquer". Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia à consola dizendo: "Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores." Vicente se encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades dela. Ela começa a trata-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e não consegue entender a razão. As irmã de Vicente armam um namoro entre ele e uma amiga, a Mariinha Garcia. Ele porém se espanta ao "saber" que estava namorando, dizendo que apenas era solícito para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento. Conceição percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase impossibilidade de comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro.





      Segundo Plano - Chico Bento e sua família Sem dúvida a parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha. No percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua, envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem: "Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz." Uma cena marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois descobrir que tinha dono. Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa, dando-lhes apenas as tripas para saciarem. Léguas após, Chico Bento dá falta do seu filho mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele pudesse ser encontrado, avista um compadre que era o delegado. Recebem alguns mantimentos mas não é possível encontrar o filho. Ficam sabendo que o menino tinha fugido com comboeiros de cachaça. Notem: "Talvez fosse até para a felicidade do menino. Onde poderia estar em maior desgraça do que ficando com o pai?" Ao chegarem no campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua comadre. Ela arranja um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus filhos. Conseguem também uma passagem de trem e viajam para São Paulo, desistindo de trabalhar com a borracha. O mais famoso livro de Rachel de Queiroz é mediano com alguns bons momentos.





Vidas Secas - Graciliano Ramos



      A obra se classifica entre o conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens, quase um monólogo. Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra "inferno" e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade. O livro tem l3 capítulos, até certo ponto autônomos, ligando-se por alguns temas. I - Mudança Este capítulo é o inicio da retirada, com as personagens citadas acima. Supõe uma narrativa anterior: "Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos." Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem uma fogueira. A cachorra traz um preá: "Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo," Fala da terra seca e do sofrimento. A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. "Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto." II - Fabiano "Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado." Contente dizia a si mesmo: "Você é um bicho, Fabiano." Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se expressar. "Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas." III - Cadeia Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á sorte de seus filhos. "Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo." IV - Sinhá Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança. V - O Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro. VI - O Menino Mais Velho As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoá-lo, sofria a carícia excessiva." VII - Inverno É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família. Eles sabiam que a chuva que inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A Festa É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos demais seres. Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro. IX - Baleia É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de sua mulher. Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O Soldado Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa. "Chegou-se á sua casa, com medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele." XIII - Fuga A esposa junta-se ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada. "E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos."




Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa



      Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou inexistência do diabo, já que Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa ocasião... Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava: Reinaldo, ou Diadorim. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda aquela árida região. Como o medo da morte e uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas páginas, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher.




Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto


      O retirante Severino deixa o sertão pernambucano em busca do litoral, na esperança de uma vida melhor. Entre as passagens, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontra dois homens (irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Severino conversa com ambos e acontece um denúncia contra os poderosos, mandantes de crimes e sua impunidade. O rio-guia está seco e com medo de se extraviar, sem saber para que lado corria o rio, ele vai em direção de uma cantoria e dá com um velório. As vozes cantam excelências ao defunto, enquanto do lado de fora, um homem vai parodiando as palavras dos cantadores.. Cansado da viagem, Severino pensa em interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho. Ele se dirige a uma mulher na janela e se oferece, diz o que sabe fazer. A mulher, porém é uma rezadeira. O retirante chega então à Zona da Mata e pensa novamente em interromper a viagem. Assiste, então, ao enterro de um trabalhador do eito e escuta o que os amigos dizem do morto. Por todo o trajeto e em Recife, ele só encontra morte e compreende estar enganado com o sonho da viagem: a busca de uma vida mais longa. Ele resolve se suicidar, como que adiantando a morte, nas águas do Capiberibe. Enquanto se prepara para o desenlace, conversa com seu José‚ mestre carpina, para quem uma mulher anuncia que seu filho havia nascido. Severino, então, assiste à encenação celebrativa do nascimento, como se fora um auto de Natal. Seu José tenta dissuadi-lo do suicídio. A peça é apresentada com músicas de Chico Buarque de Hollanda.


Menino de Engenho - José Lins do Rego


      Narrado na primeira pessoa, por Carlos Melo, é o primeiro livro do ciclo da cana- de- açúcar. O que constatamos é que o biógrafo foi superado pela imaginação criadora do romancista. A realidade bruta é recriada através da criatividade do gênero nordestino. É a história típica , natural e sem retoques de uma criança , Carlos , órfão de pai e mãe e que , aos oito anos de idade, vem viver com o avô , o maior proprietário de terras da região- Coronel José Paulino. Carlos é criado sem a repressão familiar e mesmo sem os cuidados e atenções que lhe seriam necessárias diante das experiências da vida. Vê o mundo, aprende o bem e o mal e chega a uma talvez precocidade acerca dos hábitos que lhe eram "proibidos", mas inevitáveis de serem adquiridos. Pela ausência de orientação, torna-se viciado, corrompido aos doze anos de idade. Além dos problemas íntimos do menino desorientado para a vida e para o sexo , temos a análise do mundo em que vivia, visto por Carlos, que é a personagem narradora. Carlos vê o avô como um verdadeiro Deus, uma figura de grandiosidade inatingível. O Engenho é o mundo , um império, de onde o coronel José Paulino dirige, guia os destinos de todos. E , em conseqüência , Carlos considera-se e é considerado pelos servos, escravos e agregados o "coronelzinho" cujas vontades têm que ser rigorosamente realizadas. Descreve com emoção a vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos do "tronco" . Outra cena a ser destacada é a "enchente" do rio, vista através dos sustos e admiração de Carlos. Uma descrição de grandiosidade bíblica. Também vêm à tona as superstições e crendices comuns entre as camadas populares, como a do "lobisomem". O romance se passa na região limítrofe entre Pernambuco e Paraíba, o que é deduzido através das descrições de paisagem e da vida dos engenhos de açúcar. São mostrados os bandidos , cangaceiros, comuns na região , como única forma de reação social de um povo oprimido . Personagens: Tia Maria- moça que, com ternura, amor, e carinho vai substituir a mãe na memória de Carlos. Tio Juca- tio que , levando o menino da cidade para o engenho, apresenta-lhe o mundo novo do engenho e também o próprio avô. Tia Sinhazinha velha de uns sessenta anos despótica, que dirigia o engenho. Casada com um dos homens mais ricos da região, de quem estava separada desde o começo do matrimônio, esta velha tirânica será o tormento da vida do menino. As negras, os moleques, todos tinham que se submeter à sua dureza e crueldade.

São Bernardo

Graciliano Ramos
Com a publicação de São Bernardo (1934), Angústia (1936) e Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos tornou-se, na opinião de muitos críticos, o grande ficcionista da década de 30 e um dos maiores de toda a literatura brasileira.

Tal reconhecimento resulta não apenas do fato de ele ter denunciado, de modo mais contundente que outros de sua geração, a miséria e a violência do Nordeste e da realidade brasileira, mas também do fato de ele ter sabido incorporar esse universo, com originalidade, ao próprio estilo de sua narrativa.

A prosa de Graciliano Ramos reproduz algumas qualidades do próprio universo que ele critica, de onde o seu estilo "seco", "rude" e "tenso", onde não parece haver lugar para qualquer frouxidão ou romantismo.
São Bernardo é narrado em primeira pessoa e compõe em tom confessional o retrato de Paulo Honório, um fazendeiro inculto e embrutecido, amargo e solitário que, aos 50 anos e diante de uma vida estagnada, decide escrever sua autobiografia.

Paulo tenta, a princípio, obter a ajuda de amigos que conheçam melhor a arte da escrita, mas o desentendimento quanto ao tom e ao estilo o levam a assumir a narrativa. Sua intenção não é a de compor um elogio ou um retrato favorável a si mesmo, mas a de repassar e entender a própria vida, buscando o sentido de uma existência frustrada, que se revela vazia após o suicídio de sua jovem esposa, Madalena.

De origem humilde, Paulo Honório foi um homem enérgico e empreendedor, que orientou a vida para conquistas, obtidas - como a fazenda "São Bernardo" - muitas vezes com manobras inescrupulosas. Sua trajetória de ascensão social foi a de um lutador que sobreviveu ao sertão e soube se servir de "bons negócios". Foi também como "bom negócio" que ele viu seu casamento com Madalena, professora pobre e idealista, "mulher instruída" capaz de lhe dar um bom herdeiro.

Porém, o espírito benévolo da esposa, sempre solidária com os empregados da fazenda, choca-se frontalmente com os métodos brutais do marido, que chega a suspeitá-la de "comunista", "subversiva" e "adúltera". O filho que tem recebe por fim o desamor do pai.

Mais do que uma obra de denúncia social, São Bernardo é um grande romance sobre a dúvida e o ciúme, que se filia diretamente ao Dom Casmurro de Machado de Assis. Assim, deve-se ler a ruína da relação de Paulo Honório e Madalena tendo-se em mente Bentinho e Capitu. É na aproximação com a obra do mestre que se avalia melhor o gênio e os limites de Graciliano.

São Bernardo é certamente um grande romance, mas peca por possuir um narrador pouco verossímil: a consciência limitada e angustiada de Paulo Honório, que busca em vão compreender o seu drama com Madalena, não se casa bem com a escrita culta e refinada de Ramos.


domingo, 14 de agosto de 2011

Classicismo: Os Lusíadas - Camões

Textos para serem trabalhados para a compreensão de    “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões -
 em grupo  – valor : 10,0


"Nada é mais fantástico que a própria realidade."
(Dostoievski)

Vasco da Gama , navegador que em 1498 abriu o caminho marítimo-comercial para as Índias, é o herói individual do poema. É metáfora simbólica, no entanto, de um povo e suas façanhas, de um tempo especialmente rico e pleno para a Nação portuguesa.Ele encarna o modelo heróico de maneira decisiva: põe-se ao mar, ainda "tenebroso" e segue para outras terras. Abrir o caminho marítimo-comercial não era apenas o começo, era um fim em si mesmo: conquistar através do mar imenso, a grandiosidade, a coragem, a dignidade, expandindo a monarquia portuguesa e a fé cristã. Sob outro enfoque, buscar riquezas e fazer jus à coragem com o que se inflamavam as mentes lusitanas.
Vasco é, na epopéia, um misto de herói e narrador. E representa um outro herói, este coletivo: todo um povo e seu orgulho; uma gente que se pôs ao mar e conquistou o mundo.

O poema Os Lusíadas é uma epopéia, porque  nele existe a intenção clara de louvar um herói. Quando nos referimos ao épico, quer dizer poema narrativo com intenção visivelmente demarcada: louvar o herói como modelo de comportamento, ou, através dele, louvar uma raça, um povo, uma comunidade.


Canto III de Os Lusíadas

Episódio de Inês de Castro

1.       Pressupostos históricos para o entendimento do texto:
A História de Inês de Castro, a rainha coroada depois de morta, possui pelo menos 10 versões correntes. Uma boa parte delas, assenta-se , sobretudo, na necessidade que o povo português teve ( e tem) e glorificar ao extremo os seus heróis e mitos, sobretudo os do fim da Idade Média.
Certo é também que tanto Fernão Lopes quanto Camões trataram de endeusar tal rainha, morta realmente no dia 7 de janeiro de 1355, por ordem do Conselho de Anciãos de do próprio rei Afonso IV, após a leitura "de culpa", na frente dos filhos, em ausência do Infante D. Pedro, que houvera saído de Lisboa, a pedido do pai.
Certo é também que D. Pedro apaixonou-se perdidamente por ela e com ela teve dois filhos; da mesma forma que é dado como certo que ele, endoidecido de paixão, mandou desenterrar Inês e coroou-a "Rainha de Portugal", bem como reconheceu como seus sucessores seus filhos, elevando-os à categoria de Infantes, ou seja, aspirantes ao trono português depois de sua morte.
Inês é hoje, como o foi desde sua morte, um mito português.
Nem se sabe ao certo sua verdadeira origem, posto que tudo quanto a cerque foi, aos poucos, sendo envolvido nas brumas da necessidade de um mito que consagrasse o amor como eterno e indestrutível. Ou sagrado, sobre todas as coisas.
Dá-se como correto o fato de que descendia de família nobre e que veio para Portugal como dama de companhia de D. Constança, esposa de D. Pedro. Conta-se que sua esplêndida beleza perturbou os sentidos do futuro rei e que ele a levou do castelo para uma quinta, nas proximidades do Mondego, ao norte de Lisboa, e passou a vê-la em segredo.
Especula-se, ainda, que D. Constança teria morrido de desgosto, ao dar-se conta de que a amiga em quem confiava e a quem confiava suas mágoas a traíra. Após a morte da mulher, Pedro casa-se em segredo com Inês, o que causa um gigantesco escândalo em Portugal. Pressionado pelo Conselho de Anciãos e pelos conselheiros-ministros, D. Afonso IV, consente em matar Inês.
Ao voltar a Lisboa, sabendo que o pai morrera de desgosto, Pedro fica sabendo sobre a morte da amada, desenterra-a após 28 dias de morta ( para alguns historiadores isso acontece depois de 5 anos), coroa-a rainha. Aos assassinos de Inês, D. Pedro aplica os piores castigos ( Fernão Lopes narra tais episódios), tirando-lhes, em praça pública, o coração pelas costas e jogando suas vísceras aos cães sarnentos de Lisboa. Aos restos deles, manda queimar. Após Esse dia, recebe o nome de Pedro, o Cru ou Pedro, o Cruel.
O certo é que os túmulos de D. Inês de Castro de Alcobaça e de D. Pedro, o Cruel, estão enterrados frente a frente no Mosteiro de Alcobaça e os eternos amantes, assim o crêem, poderão estar juntos para a eternidade após o Juízo Final.


Canto IV

Nesse canto narra-se a Batalha de Aljubarrota. D. João II inicia as diligências para chegar até as Índias. O governo de D. Manuel, o Venturoso é revisitado. O sonho deste rei está posto em destaque; depois de sonhar, D. Manuel inicia os preparativos, reúne uma frota e põe os navios ao mar. Vasco conta a partida de sua Armada da Praia do Restelo.
Mas é desse canto uma das perguntas mais freqüentes sobre Camões no vestibular: o Episódio do Velho do Restelo, amaldiçoando as ambição portuguesa, "a glória de mandar e a vã cobiça." Leia o texto:

94
Mas um velho de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do esperto peito:
95
_"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
Ó fraudulento gosto que se atiça
Cua aura popular que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldade neles experimentas!

96
"Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
97
"A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo d’algum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
(...)
102
"Oh! Maldito o primeiro que no mundo
Nas ondas vela pôs em seco lenho!
Digno de eterna pena do Profundo,
Se é justa a justa lei que sigo e tenho!
Nunca juízo algum, alto e profundo,
Nem cítara sonora ou vivo engenho
Te dê por isso fama nem memória,
Mas contigo se acabe o nome e glória!

A fala do velho do Restelo é reflexivo-filosófica; ele , fazendo o papel do que na Antiguidade era o coro no teatro grego, representa o que os portugueses, já na década de 60 do século XVI, pensavam de si próprios. Sair ao mar, pela cobiça, ouro, fama...deixando para trás suas esposas, filhos, quantos sonhos foram finalizados por essa incansável busca por poder ! Este episódio faz com que  façamos uma reflexão maior sobre até que ponto é viável termos tanta cobiça, buscarmos poder , fama e  ao mesmo tempo, esquecermos de valores mais importantes, como a presença da família.Esta passagem, muito mais tarde, já no século XIX, em Mensagem ( 1934), do modernista Fernando Pessoa, tem ressonância:
I.        Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o Céu.

Ainda: o que faz o velho do Restelo admoestar Vasco era o abandono dos empreendimentos na África e os investimentos vultosos da Coroa para abrir o caminho comercial para as Índias. A África, apesar de violenta, era próxima; e o Cabo das Tormentas era, ainda, um mistério terrível para quem queria "passar além da Taprobana", ou seja, expandir o Império português.
Leve em conta, quando ler os versos do Velho do Restelo, que este canto, quase medial, representa uma crítica contundente ao mercantilismo, às conquistas e à busca incessante de riquezas que a coroa portuguesa, à essa época, patrocinava.
Leve em conta, ainda, que o velho fala por ocasião da partida de Vasco, mas que Camões, que escreveu o poema quase cem anos depois, sabia, como homem inteligente que era, sobre o rastro de destruição e infortúnios que os portugueses tinham espalhado durante a colonização que fizeram e, sobretudo, as perdas que Portugal sofrera durante as grandes navegações: navios e homens, tudo pela "glória de mandar, a vã cobiça."

Canto V


Nele, Vasco continua contando ao rei a História portuguesa: a saída de Lisboa, Fogo de Santelmo, a Tromba Marinha, o caso de Fernão Veloso, a passagem pelo Cabo das Tormentas, a viagem até Melinde.
Aqui também aparece uma personagem mitológica muito conhecida: o Gigante Adamastor, adaptação camoniana ao mito de Netuno, com suas longas barbas e tridente na mão. Ele aparece no quinto dia de viagem: "cinco sóis eram passados" e diz o motivo pelo qual não aceita que os portugueses contornem aquele Cabo.
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Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
38
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo.
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão n’algum rochedo.
_"Ó Potestade _ disse _ sublimada,
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?"
39
Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados , e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
40
Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
C’um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
41
E disse: _ "Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados de estranho ou próprio lenho;
42
"Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mi que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pela terra
Que inda hás-de subjugar com dura guerra.

Se você for perceptivo, estará vendo repetidas as palavras do Velho do Restelo. Aliás, a forma mais comum, nesta epopéia, de Camões dirigir-se ao povo lusitano é como "gente ousada", com o sentido dilatado de "empreendedora, destemida".
O gigante Adamastor explicará por que fará com que os navios da frota de Vasco sejam consumidos pelas águas do Cabo das Tormentas: a ninfa que ele ama "mora nestas águas"e a quilha dos navios poderiam machucá-la.
Ambas as partes dialogam e expõem seus motivos. E , por fim, " tornando a cortar a água salgada/ Fizemos desta costa algum desvio." E lá se foram para o mar sem fim.

Canto IX

Em Calicute, há uma traição feita a Vasco. Mas a Armada portuguesa consegue escapar. Este canto contém o célebre episódio da lha dos Amores; após a fuga, navegam e chegam à dita ilha. Os portugueses são recebidos com um grande banquete e uma grandiosa festa, para comemorar a grande façanha: a conquista das índias.  Enquanto os marinheiros passeiam com as nereidas, Tétis conduz Vasco da Gama ao topo de "um cume alto e divino" e de lá mostra-lhe "a máquina do mundo", e faz vaticínios sobre o povo lusitano, ou seja, neste momento Camões prevê a decadência de seu país.
87
Tomando-o pela mão, o leva e guia
Para o cume dum monte alto e divino,
No qual ua rica fábrica se erguia
De cristal toda e de ouro puro e fino,
A maior parte aqui passam do dia
Em doces jogos e em prazer contino;
Ela nos paços logra seus amores,
As outras pelas sombras, entre as flores.
88
Assi a fermosa e a forte companhia
O dia quase todo estão passando
Nua alma, doce, incógnita alegria,
Os trabalhos tão longos compensando;
Porque dos feitos grandes, da ousadia
Forte e famosa, o mundo está guardando
O prêmio lá no fim, bem merecido,
Com fama grande e nome alto e subido.
(...)
92
Mas a Fama, trombeta de obras tais,
Lhe deu no mundo nomes tão estranhos
De Deuses, Semideuses imortais,
Indígetes, Heróicos e de Magnos.
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo;
93
E ponde na cobiça um freio duro,
E, na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania, infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro
Verdadeiro valor não dão à gente;
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
94
Ou daí na paz as leis iguais, constantes,
Que aos grandes não dêem o dos pequenos,
Ou vos vesti nas armas rutilantes,
Contra a lei dos imigos Sarracenos:
Fareis os reinos grandes e possantes,
E tereis mais, e nenhum menos;
Possuireis riquezas merecidas,
Co’as honras que ilustram tanto as vidas.
95
E fareis claro o Rei que tanto amais,
Agora co’os conselhos bem cuidados,
Agora co’as espadas, que imortais
Vos farão, como os vossos já passados.
Impossibilidades não façais.
Que quem quis, sempre pôde; e numerados
Sereis entre os Heróis esclarecidos,
E nesta "Ilha de Vênus"recebidos.


Observação: Tétis aconselha o Vasco sobre o futuro, advertindo-o como metonímia representativa do povo lusitano. Marcam profundamente estas palavras as expressões: "se quiserdes no mundo ser tamanhos/ despertai já do ócio ignavo/ que o ânimo , de livre, faz escravo." . E acrescenta duras palavras ao seu conselho: "E ponde na cobiça um freio duro...".  Entende-se que o povo português deveria parar com as navegações marítimas e cuidar de seu país, caso contrário, ficaria nas mãos dos invasores, e perderia todo o seu poder. É a real decadência de Portugal.
Releia a estrofe 93: honras vãs, ouro puro, vã cobiça... Há crítica de como os portugueses conduziam ou conduziriam seus domínios .

Canto X

Ainda na Ilha dos Amores, Sirena dará conta dos feitos futuros dos portugueses. Do monte Tétis mostra ao Gama a esfera terrestre. Os portugueses partem da Ilha. E retornam, finalmente, a Lisboa.
144
Assi foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que nasceram, sempre desejado;
Entraram pela foz do Tejo ameno,
E à sua Pátria e Rei temido e amado
O prêmio e glória dão por que mandou
E com títulos novos se ilustrou.



1-   Quem foi Vasco da Gama e o que ele representa?
2-    Por que “ Os Lusíadas” é uma epopéia?
3-   Quais os 04 (quatro) episódios mais importantes desta obra? E em quais cantos eles aparecem?
4-   Comente o que você entendeu sobre  a Morte de Inês de Castro
5-   Qual a intenção do Velho do Restelo? Fale com suas palavras sobre este episódio.
6-   Qual a relação entre o episódio do Velho do Restelo e o poema de Fernando Pessoa “Mar Português”?
7-   O que denota (significa) O Gigante Adamastor?
8-   O que acontece no episódio da Ilha dos Amores (Canto IX )?
9-   No canto IX, o que Tétis fala a Vasco da Gama?
10- O que acontece no Canto X do livro “Os Lusíadas”?

quinta-feira, 3 de março de 2011

ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO


Acordo de convivência da Com- Vida do Colégio Estadual Belmiro Soares

Introdução.
A Terra está sofrendo sérias agressões causadas pelo crescimento da população mundial e os padrões dominantes de produção e consumo. A injustiça social, a pobreza e a ignorância contribuem com a deterioração gradativa dos sistemas ecológicos. Devemos formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outro, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida.
Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos e sociais estão interligados e juntos podemos forjar soluções.

Objetivo Geral:
Aprofundar, estruturar e difundir movimentos e práticas participativas promovendo o desenvolvimento sustentável na escola com a participação da comunidade.

Objetivos específicos:
·         Formar e instrumentalizar agentes socioambientais na escola para a criação de uma comissão de qualidade de vida (COM-VIDA) dentro da comunidade.
·         Acompanhar esses agentes na aplicação dos grupos de Pesquisa-ação participativa com a comunidade.
·         Realizar encontro entre os participantes para trocarem experiências. Organizar palestras com ambientalistas e pessoas ligadas as ONGs do meio ambiente;
·         Convidar artesãos locais que trabalham com reciclagem para realizar oficinas.
Ações:
·         Formação de agentes para que possam trabalhar juntamente com a comunidade, repassando os conhecimentos adquiridos no projeto da escola;
·         Formação dos agentes nas escolas:
·         Estudo sobre a comunidade. Levantamento de quais ações socioambientais poderiam ser desenvolvidas na escola ou comunidade.
·         Implantação de uma COM-VIDA.

Metodologia:
·         Formadores fazendo oficinas nas escolas com o grupo de agentes socioambientais das escolas.
·         Monitoramento das ações.
·          Desenvolvimento das atividades e projetos levantados durante a formação.
·         Os encontros entre agentes se darão por duas horas, uma vez por semana, durante três meses na sede do Colégio Estadual Belmiro Soares. Este monitoramento visa auxiliar na mobilização e participação da comunidade escolar nas ações de modo que funcionem de maneira autônoma.
·         Mobilizar outras escolas da comunidade sobre a importância de se ter uma Com Vida e a Agenda 21 na escola.

Propostas de ações
·         Fiscalização e cumprimento das leis.
·         Redução do desperdício.
·         Formação de cidadãos críticos.
·         Coleta seletiva e reutilização do lixo escolar. Inorgânicos em oficinas de arte e orgânico para a horta na escola.
·         Compostagem.
·         Plantar árvores nativas em risco de extinção.

Membros da comissão
  • Delegada: Denize Ferreira Araújo.
  • Suplente: Raylander  da Silva Melo
  • Professor: Nalva de Freitas Santos Gomes
  • Isaias Gonçalves de Magela.
Objetivo da escola.
·         Desenvolver ações que englobe toda a comunidade escolar com a finalidade de conscientizar a Escola sobre a importância de se preservar o meio ambiente.
·         Buscar parceria com a comunidade para desenvolver projetos voltados para o tema;
·         Fazer um levantamento do que pode ser reciclado na escola e encaminhar tais materiais para a reciclagem;
·         Organizar oficinas onde pode-se trabalhar com materiais reaproveitáveis tais como: garrafas peti, papel, latinhas, copos descartáveis, etc.
·         Trabalhar em parceria com as merendeiras para que o resto de alimentos orgânicos sejam utilizados para a compostagem e consequentemente utilizado na horta da escolar.
Membros da equipe de Paranaiguara:
Cinthia Pires dos Santos
Denise Ferreira Araujo
Dione Cristina G.P.Lima
Divina Eterna da Silva
Isaias Gonçalves de Magela.
Nalva de Freitas Santos Gomes
Raylander da Silva Melo

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Roteiro para uma revisita ao Projeto Político Pedagógico da Escola
Colégio Estadual Belmiro Soares
Paranaiguara-Go


O Projeto Político Pedagógico de nossa Escola evidencia projetos curriculares e extracurriculares que permitem fortalecer uma escola sustentável os quais são trabalhados ao longo do ano letivo.
O que identifica o Colégio Estadual Belmiro Soares é o seu papel na comunidade: o de contribuir para o mercado de trabalho, bem como, possibilitar que as pessoas possam ingressar em uma Universidade. Sabemos que ainda precisamos ter uma preocupação mais significativa quanto a nossa realidade socioambiental.
Nós, professores, estamos conscientes da importância dos saberes locais para o nosso aluno. Acreditamos que é preciso que eles reconheçam a origem, os costumes, enfim, o ambiente em que ele está inserido hoje e as mudanças históricas, culturais, sociais e ambientais sofridas ao longo do tempo.
A comunidade escolar é composta por professores, alunos, funcionários, pais/responsáveis e parceiros da escola. Todos estão envolvidos no processo educativo. O papel da comunidade para com a escola é muito importante, pois é no espaço escolar que podemos reunir pessoas dos mais diversos segmentos sociais, cada um com sua maneira de agir, sentir e pensar diante dos problemas ambientais. Portanto, por meio dessa parceria Escola x Comunidade é que temos condições para desenvolvermos um trabalho de conscientização em prol do meio ambiente com um número maior de pessoas.
A Gestão Escolar tem o dever de acompanhar o consumo de materiais, serviços, alimentação... de modo a garantir maior aproveitamento e menor desperdício deste itens.
Como já dissemos, a sustentabilidade está presente em várias disciplinas do Currículo, tais como: Biologia, História, Geografia, Ciências etc. Além dessas disciplinas, temos também no Currículo do Ensino Médio Semestral, as disciplinas opcionais: Materiais Reaproveitáveis, Educação Ambiental I, Educação Ambiental II. Existem nestas disciplinas objetivos bem traçados no que diz respeito à preservação e a sustentabilidade, bem como, práticas pedagógicas e metodologias que trabalham com responsabilidade e consciência em benefício à natureza.
O Colégio Estadual Belmiro Soares executa diversos projetos que visam à mudança de atitude de cada ser humano diante dos mais diferentes impactos ambientais que vivenciamos a todo instante. A Escola também tem o papel de explicar aos alunos o porquê devemos mudar de comportamento, quais os riscos que estamos correndo se continuarmos agindo sem nenhuma preocupação com o planeta e principalmente, fazer com que cada cidadão se sinta no dever de zelar pelo futuro da humanidade, pois este futuro depende de ações práticas e concretas de cada um de nós.

Cinthia Pires dos Santos – Grupo de estudo de Paranaiguara
fevereiro/2011